15/03/07

| quando a depressão deprime a vida sexual

Desde tempos longínquos que a relação entre depressão e sexualidade se estabelece. A velha melancolia dos Gregos era uma síndrome clínica que envolvia uma tristeza profunda e que interferia com toda a vida do indivíduo, principalmente com o seu comportamento sexual.
.
«A perda dos interesses e de actividades com prazer, que caracterizam a depressão, inclui o interesse e o prazer sexual, nomeadamente, em homens com disfunção eréctil», explica o Prof. António Palha, director do Serviço de Psiquiatria do Hospital de S. João. Deste modo, podemos afirmar que homens com disfunção eréctil (DE) podem sofrer de depressão, sendo o inverso também correcto. «Os homens com problemas de erecção sentem-se progressivamente abatidos no seu humor, chegando a atingir um nível de sofrimento semelhante ao quadro depressivo.» De facto, a perda de erecção é uma condição física que mais atinge a auto-estima e a segurança masculinas, podendo desencadear o tal sofrimento depressivo ou ser um dos primeiros sinais indicadores da existência de uma depressão já instalada.

«Num jovem, a DE é quase sempre psicógena, particularmente se a depressão está presente. Isso significa que se deve tratar, pois, os “bons” conselhos dos amigos (as) não chegam. As depressões são entidades clínicas que devem ser valorizadas quando mascaradas (depressões mascaradas) por sintomas físicos, como é o caso da DE. A visita a um psiquiatra (sexologista, ou não) pode ser a primeira etapa para uma rápida reversão da depressão e da DE. Há excelentes fármacos para a depressão, bem como para a DE, mas estes não dispensam a orientação psicológica e o conselho sexológico que é necessário nestas condições clínicas de co-morbilidade», adverte António Palha, acrescentando: «Aceita-se, também, que estilos de vida desgastantes com uso/abuso de álcool, fármacos e drogas possam facilitar a instalação desta penosa perturbação no homem. O stress do dia-a-dia e a perda de capacidade de sonhar e fantasiar pelo excesso de preocupações com as obrigações diárias também contribui para a situação clínica que estamos a tratar.»

depressão e DE de mãos dadas

A procura do conselho médico no caso da depressão ou da disfunção eréctil tem vindo a aumentar com a melhoria dos cuidados de saúde, nomeadamente, a nível dos cuidados primários. Dada a falta de estudos epidemiológicos na área da Psiquiatria e Saúde Mental relativos à população portuguesa, não há números válidos da prevalência destas duas situações clínicas. No entanto, sabe-se, em termos de prática clínica, que «estas duas patologias aumentam com a idade e há estudos parcelares que mostram que a DE poderá atingir 40% dos homens, aos 50 anos, e 67%, por volta dos 70 anos», afirma António Palha. De acordo com o relatório da Organização Mundial de Saúde de 2001, dedicado à Saúde Mental no Mundo, a depressão constitui a primeira causa de anos vividos com incapacidade, atingindo uma faixa etária mais alargada (dos 15 aos 44 anos de idade). Se pensarmos que as depressões também deprimem a vida sexual, «podemos prever que, com as actuais dificuldades socioeconómicas e profissionais, este factor não venha a ser atenuado tão cedo quanto se desejaria», conclui António Palha.

by Teresa Pires in Medicina & Saúde 05 Janeiro 2007

2 comentários:

Anónimo disse...

Eu ja suspeitava que o primeiro artigo que visse ou era sobre DE ou sobre TR...

MR

yintegral.penhafranca disse...

Olá!

Aqui segue o link de uma empresa que faz consultoria e dá formação na área da Educação Sexual - http://www.sentidosesensacoes.pt/index2.html

Por curiosidade, envio-to..

:)Bjs,
Maggie.