22/03/07

| impotência sexual: corre riscos?

A disfunção eréctil (DE) é uma das causas de disfunção sexual mas não a única. A DE, mais vulgarmente designada por impotência sexual, “define-se como uma incapacidade para iniciar ou manter uma erecção com rigidez suficiente para proporcionar uma relação sexual satisfatória para ambos” como nos explica em entrevista o Presidente da Associação Portuguesa de Urologia (APU), Dr. Francisco Rolo, no dia europeu da disfunção sexual, comemorado a 14 de Fevereiro. Saiba mais sobre os factores de risco e sobre como prevenir a DE.
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quais os principais factores de risco de disfunção eréctil (DE)?
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Podemos dividi-los entre os não modificáveis e os modificáveis. Nos primeiros, surge, em primeiro lugar, a idade. Não sendo um factor determinante, visto que a actividade sexual pode manter-se mesmo em idades muito avançadas, é contudo importante na medida em que a prevalência da DE está estatisticamente relacionada com a idade. Outros factores não modificáveis que podem provocar DE são a cirurgia (prostática e colo-rectal) e os traumatismos vertebro-medulares. Existem também doenças neurológicas como a esclerose múltipla e amiloidose (doença dos pezinhos) que podem provocar DE. Há depois os factores de risco modificáveis. E é aqui, logicamente, que a nossa actuação pode ter uma influência benéfica. A diabetes é um dos principais. O tempo da doença e a forma como foi controlada são importantes para o aparecimento da DE. As dislipidémias, a obesidade, nomeadamente a obesidade visceral, e a hipertensão arterial são factores que devem obrigatoriamente ser investigados e tratados numa consulta de DE.
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Falta ainda analisar um outro componente que, estando invariavelmente presente, pode ter maior ou menor importância. Refiro-me à parte psíquica, a qual interfere com a estrutura psíquica do indivíduo criando ansiedade, estados depressivos, dificultando o envolvimento emocional, enfim tornando tudo ainda mais difícil.
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o stress e os problemas psicológicos podem contribuir para a DE?
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As situações de stress alteram de um modo geral a vida sexual do casal. Em algumas situações podem mesmo provocar disfunção eréctil. A falta de tempo, a ansiedade, o nervosismo não facilitam nada a vida sexual, quer do homem, quer da mulher. Mas, no que respeita ao homem, todas as situações que possam estar associadas ao estímulo do sistema nervoso simpático são inibidoras da erecção. Quando, ainda por cima, o indivíduo tem já alguns factores predisponentes, ou é uma pessoa jovem, e insegura, carregando o histórico de algumas situações em que as coisas não correram tão bem, o mais certo é as dificuldades permanecerem. De um modo geral, as disfunções sexuais em indivíduos abaixo dos 35 anos têm como etiologia principal factores psicológicos.
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em caso de disfunção sexual a quem deve o paciente recorrer?
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Para a grande maioria dos doentes o mais fácil será recorrer ao médico de família. É necessário avaliar todos os factores de risco, corrigir alterações metabólicas, estabelecer metas na correcção do peso e do perímetro abdominal. Interferir na vida socioprofissional e familiar de modo a combater o stress, tabagismo, sedentarismo. Claro que, frequentemente, poderá ser necessária a intervenção de um sexólogo nomeadamente quando estamos perante uma disfunção sexual num adulto jovem, ou de um urologista quando como acontece em cerca de 30% das situações de DE.
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A felicidade e o bem-estar do casal passa por uma vida sexual “resolvida” que não quer dizer activa, ou não activa, mas falada, conversada e o médico de família tem aqui muitas vezes um papel importante.
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by Ana Sofia Tomás in Jornal do Centro de Saúde 21 Março 2007

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